Sucesso é genético?



As escolhas profissionais de homens e mulheres podem ser determinadas pela genética, segundo o livro "O Paradoxo Sexual" - Susan Pinker.

A psicóloga canadense Susan Pinker, autora do recém-lançado O Paradoxo Sexual (Editora BestSeller), coloca pimenta na tradicional discussão da guerra dos sexos. Para ela, a disparidade entre os gêneros pode ser explicada a partir de fatores biológicos: por ter hormônios e genes diferentes, homens e mulheres fazem escolhas diferentes na carreira. De acordo com o livro, se elas não chegam ao topo não é apenas por preconceito ou falta de oportunidades oferecidas pela empresa.

O organismo, afirma Susan, também influi no destino profissional. "A genética pode orientar as decisões de carreira de qualquer pessoa", diz. “Um jogador de basquete pode ter decidido entrar nessa profissão por causa de sua estrutura corporal. Minha proposta é usar a biologia como ponto de partida para analisar também as diferenças de gênero”, escreve Susan.

Munida de pesquisas científicas e anos de experiência clínica, a psicóloga afirma que, por terem conexões cerebrais e hormônios distintos, os homens são mais propensos à rivalidade e a atividades que envolvam sistemas padronizados (como a engenharia e a fícarreira predispostas a ter empatia e sensibilidade e a trabalhar em áreas que estimulem a linguagem e o cuidado com o próximo.

“É por isso que profssões como recursos humanos e comunicação atraem mais mulheres”, afirma a autora. Mas ela alerta: os comportamentos padrões podem variar de acordo com a personalidade de cada um. “É claro que os traços individuais e o ambiente influenciam muito.”

De acordo com Susan, os cargos de alta chefia atraem hoje mais os homens do que as mulheres porque eles desenvolvem melhor as conexões cerebrais que estimulam a competitividade — característica importante para quem quer subir até a presidência. Apenas 3% das 500 maiores empresas americanas, segundo a revista Fortune, possuem mulheres na alta liderança.

No Brasil, entre as 150 corporações do Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar de 2009 a proporção de chefia feminina é semelhante: 4%. Susan não nega que a cultura masculina, que ainda predomina na imensa maioria das companhias, seja um componente dessa situação — ao lado das questões biológicas. “As mulheres são uma força relativamente recente no mercado de trabalho, por isso a gestão das empresas é prioritariamente masculina.”

Para Regina Madalozzo, professora de economia do Insper, de São Paulo, as profissionais estão começando agora a impor suas vontades e características. Mas, para as mulheres, buscar incansavelmente o topo pode não ser a melhor opção de carreira. “Elas abandonam uma carreira bem-sucedida por não terem tempo de cuidar do lado pessoal, algo valorizadíssimo pelo público feminino”, escreve Susan. “Isso ocorre mesmo quando o casamento e as crianças pequenas não são o motivo relevante.”

Obviamente, a regra geral não impede que ocorram casos de profissionais que desejam ser presidentes das empresas. Contradizendo a autora, a diretora jurídica do HSBC, Márcia Freitas, de 43 anos, do Rio de Janeiro, pertence ao time das que querem crescer (e muito). “Minhas características femininas só me estimulam a buscar o topo”, conta Márcia. “Eu me sinto culpada por não estar tão presente na vida de minha filha, mas sei que ela vai valorizar meu esforço no futuro.”

Segundo Susan, a empresa que não entender as diferenças de raciocínio entre os sexos corre o risco de perder executivas talentosas. Um exemplo de ação direcionada à funcionária vem da consultoria Accenture, que permite que as mães trabalhem remotamente durante os primeiros anos dos filhos. “Isso faz com que elas fiquem mais felizes e continuem a crescer dentro da companhia”, diz Ronald Munk, responsável pela área de responsabilidade social.

Devido a essa política, a gerente financeira da área de tecnologia da Accenture, Carla Cavalcanti, de 32 anos, de São Paulo, não precisou fazer a escolha entre carreira e vida pessoal. “Só estou tranquila e trabalhando bem porque consigo conciliar trabalho, lazer e família. Sem flexibilidade, teria adiado a maternidade”, garante Carla.

ELES QUEREM STATUS E ELAS, AUTONOMIA

Ter a necessidade de ser feliz em diferentes aspectos da vida é, segundo Susan Pinker, outra característica biologicamente feminina. As mulheres, diz ela, são adeptas da diversidade de objetivos, enquanto os homens são mais focados em metas determinadas. O que motiva os rapazes são status, altos salários e oportunidade de crescimento rápido.

Já as moças priorizam: flexibilidade, autonomia, trabalhar com pessoas inspiradoras e ter um trabalho no qual possa fazer a diferença — esses objetivos impulsionam 85% das universitárias, de acordo com pesquisa citada no livro O Paradoxo Sexual.

“Não é à toa que as mulheres só se sentem realizadas quando tudo está alinhado”, explica Ana Elisa Fontes Villas, psicóloga da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Polêmicas à parte, homens e mulheres agem de maneiras distintas.

O que Susan propõe é que cada gênero tenha liberdade para fazer escolhas diferentes. “As mulheres precisam parar de agir como homens só para não se sentirem discriminadas”, diz a autora.

Fonte: Você S/A - Abril 2010

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